quinta-feira, 30 de abril de 2009

15 ANOS DA RETA TORTA...

(bateu tristeza...) 5 anos e 10 meses e 6 dias pra ser muito exato, essa era a minha idade naquele 1º de maio.
Dia desses buscando na mente qual era a imagem mais nítida e antiga que eu tinha no meu consciente, cheguei a conclusão que era essa, 1º de Maio de 1994, morte de Ayrton Senna.
Era um domingo, estava em Caieiras, casa de um tio, irmão da minha mãe, festa de família, alegria e tudo mais, almoço bom, mas era hora da corrida, corre pra TV, no sofá, do lado esquerdo meu tio, do lado direito meu pai, eu gostava de sentar num buraco que tinha lá, na época eu me encaixava nele, era confortável, mas optei por sentar no tapete nesse dia, encostado no sofá e entre as pernas do meu pai.
Começa a corrida, sinceramente não lembro bem dela, mas lembro de ter um êxtase sem par enquanto assistia Senna, seu inconfundível capacete amarelo e a sua Williams azul e branca, com patrocínio de cigarro.
Aquele momento, que momento, minha respiração parou, lembro bem que ninguém sabia ao certo o que havia acontecido, mas estávamos todos no aguardo.
Me lembro como se fosse hoje, como amaldiçoei aquela curva, eu não entendia o que significava o nome, mas repetia aquele nome que o narrador falava, "droga de tamburello!" era isso que eu dizia.
Veio a notícia, "É constatada a morte de Ayrton Senna da Silva". Parou. Tudo Parou. Aquilo doeu, eu gritava, "não, o Senna morreu, Pai! Pai! o Senna morreu", e gritava na cozinha e no quintal, pra todo ouvir; será que a dor e o desespero que eu sentia por dentro não tinha a mesma intensidade pra mais ninguém na casa? Diabos! Pra quem eles torciam então?
Naquele momento me vi sozinho no mundo, pra mais ninguém ali naquela casa ele reprensentava o que ele representava pra mim, era meu herói, era o homem, não havia brasileiro melhor que Ayrton Senna pra mim. Não mesmo.
Mas ele partiu, sim, eu sabia que ele não voltaria mais, minha família nunca me escondeu a morte, talvez isso me tenha feito mais forte, e isso me fez perdido aos 5 anos também, afinal, se Fórmula 1 era sinônimo de Ayrton Senna, pra mim F1 tinha acabado ali. Na curva tamborello, autódromo de Ímola, no GP de San Marino em 1994. 

Por um tempo considerável, perdi totalmente o interesse na Fórmula1, em todo tipo de corrida na verdade. Fiquei anos sem acompanhar verdadeiramente o automobilismo, porque pra mim, sem Senna, não era possível, mas ainda sentia aquela paixão, batendo firme lá dentro, ouvir um motorzão na rua, me aguçava os sentidos, mas não dava, sem ele não.
Em um dos aniversários de morte eu parei pra pensar, "Poutz, gostei tanto de Fórmula 1 tempos atrás, será que só porque não tenho mais o Senna pra torçer eu não consigo mais ver? será que a paixão pela velocidade morreu?" Não, não morreu, ao contrário, se mostrou realmente viva quando percebi que Senna não era o que me motivava, mas foi o caminho pra eu encontrar aquilo que tanto amei e ainda amava, que me cativava de uma maneira única. Não tinha jeito, o melhor jeito de prestar uma homenagem de alguma maneira ao meu herói, era voltando a ser um apaixonado pelas corridas que tanto me cativaram e me tornando uma das pessoas que mais soubessem do assunto a minha volta e soubesse realmente do que estava falando quando falasse de automobilismo.
14 anos e 364 dias depois, eu posso dizer, "Valeu Senna!" valeu mesmo, valeu por tudo, por ser meu herói, por ser competente, por fazer meus domingos mais felizes que os outros dias normais.


E hoje, como parte e prova da promessa, estou aqui, escrevendo esse texto, num blog, mas não um blog qualquer, "um blog sobre AUTOMOBILISMO e o que mais der na telha". E no que depender de mim, eu vou mais e mais longe no que conscerne ao Automobilismo. Pode Escrever.

Valeu, valeu mesmo.

Um comentário:

  1. Zé, excelente texto. Me faz lembrar do que senti, apesar de não ser fã de automobilismo, quando o acidente aconteceu. A sensação era de não acreditar no que estava acontecendo. Negar o fato. E não foi só isso. Eu também, assim como você (sem o trocadilho hahaha), deixei de gostar da F1. A justificativa mais comum: "O Senna não vai correr mais, perdeu a graça." Enfim, ele foi 'o cara'. E continua sendo, aliás, já que serve de inspiração para vários acontecimentos.

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